5 de nov. de 2004

Andei ausente por muito tempo deste espaço. São os contratempos ou os tempos contra, sei lá.

Neste percurso de aprendizagem que com a Súme percorri, fiz descobertas, aventurei-me, porém ainda não consigo fazer do meu blog pessoal um uso contanste. Talvez porque o olhe como muito pessoal e ache estranho partilhar isso com tantas pessoas.

Retorno lembrando que quando algumas obras, tempos atrás retratavam em suas tramas sociedades manipuladas, onde até os jornais eram reeditados mudando os fatos, apagando a história, parecia ser pura ficção científica, obras fruto de uma imaginação fértil mas não tangível. Hoje, observo que o apagamento da história invade muito espaços, inclusive os blogs, mesmo aqueles que são coletivos e que se propõem a registar, guardar a memória de percursos, de reflexões e de trocas, seja via post ou comentários. Forma fácil e questionável de tentar apagar as pessoas. Pena isso, pena mesmo.

4 de jul. de 2004

Se aproxima o dia da defesa de meu projeto e sinto um friozinho por dentro. Porém, acho que todo mundo sente-se assim diante de algo que julga importante.

Para construir meu projeto, contei com a ajuda de muita gente. Assim,

A caminhada que fiz até chegar aqui não foi algo que realizei sozinha. Embora por uma questão de escolha eu escreva na primeira pessoa do singular, este projeto foi escrito a muitas mãos e inscrito de muitas formas.

Existem coisas que pela imensidão e intensidade nos faltam palavras. Frente a este vazio, tento inscrever na letra as marcas dessa jornada.

Às minhas filhas Janaina e Gabriela, que com apenas dez anos, foram solidárias e literalmente companheiras de percurso.

À minha orientadora, professora Carmen Machado pela, escuta e pontuações fundamentais, bem como pela sabedoria com que me ensinou a alegria e o peso da liberdade.

À Vlair Dias, Suzana Gutierrez, Vera Corazza e Lúcia Musskopf pela partilha da jornada, dos sonhos e do pão.

Ao Taylor, Neiva, Ursúla, Loiva, Cristina, Sirilei pelo estimulo e aposta.

À Ana, Sônia, Ione, pela acolhida nesta casa.

À Adelina e Nelsa, guerreiras na vida e na morte, que juntamente com outros homens e mulheres com os seus sofrimentos constituem cotidianamente aprendizagens.

A vocês agradeço acima de tudo, pela escritura diária e conjunta da Pedagogia da Vida.

3 de jul. de 2004

Tentei comentar o post da Su sobre o livro do Galeano mas não deu. "Impossível localizar" avisou a rede.Ainda bem que posso postar..... É, a nossa sociedade do "mercado" traz contrastes terríveis. Assim como as crianças que nunca tinham provado o chocolate, temos trabalhadores nas fábricas de calçados que jamais poderão adquirir os sapatos que produzem, trabalhadores de confecções na mesma situação e tantos outros mais. Triste sociedade esta que construímos.

2 de jun. de 2004

Reta final! Se aproxima o dia da defesa do meu projeto.
Parece que o tempo voa e ainda há muita coisa para fazer. Reler, ver se tudo está articulado de forma coerente, se a escrita está ortográfica e gramaticalmente correta e se, apesar de ser um trabalho acadêmico o texto está bonito.
Ufa! quanta coisa.

15 de mai. de 2004

Entre a correria diária, divido meu tempo entre meinhas filhas e meu Projeto, que já está na reta final.
As provoções da Su sobre as tecnologias me convocam a construir um espaço de escrita, deter num outro lugar o tempo que insiste em escoar.
Jana e Gabi estão dormindo. O vento frio castiga lá fora. Boa hora!
Penso que minhas aprendizagens neste processo de pesquisa da Su, foram importantes.Ampliei minha concepção sobre o "público"; sobre as as possibilidades de mobilização social e socialização de saberes e conhecimentos;Percebo, de uma forma mais clara agora, que também no mundo virtual nos debatemos contra a fúria do capital;Já não fico tão tolhida na exploração de ferramentas do computador,de acessar e buscar na internet;estou mais atenta àquilo que executo e me dou conta que tudo isso já está fazendo parte ativa na minha vida. Por outro lado,acho estranho e incômodo, por exemplo, entrar em chat, ou debater em listas de discussão onde não conheço as pessoas. Os recursos de acesso ficam ainda restritos a um pequeno grupo.

24 de abr. de 2004

De passagem:

Vivi, obrigada pela força. Espero que meu Projeto fique bom.

6 de abr. de 2004

Resistência Reflexiva

Pensar o uso de tecnologias informatizadas na educação constitui-se um grande desafio, pois este tema sempre causou-me incômodo e resistência.
Num país de tantas carências, onde a escola pública, que atende a maioria de nossa população, vive a falta de tantas coisas essenciais, o computador fica em segundo plano. Aliado a isso, nas escolas onde trabalhei , quando existia compuatador, seu uso era privilégio de um pequeno grupo de eleitos. Não raro discuti esse fato e hoje, me pergunto o quanto isso representa uma privatização do público, dentro do público.
Agregaria ainda, o fato de nas escolas ocorrer um uso meramente instrumental da tecnologia, esvaziado de qualquer processo reflexivo. Presente também estava, a idéia do estímulo a uma prática isolacionista, que servia como uma luva aos interesses hegemônicos do neoliberalismo.
Portanto, aceitar ser campo de uma pesquisa ligada as tecnologias informatizadas configurava-se um grande desafio: pensar e viver os blogs como um espaço de possibilidades de autonomia, autoria e partilha de conhecimento.
Nesse processo, da resistência imediata, da aprendizagem instrumental e aplicativa, da automatização de procedimentos, da irritação , ocorre uma metamorfose que tem como marco o comentário de um desconhecido em meu blog pessoal. Esse fato gerou uma torrente de pensamentos e sensações, que foram da invasão à real dimensão do público no tocante aos blogs.
Isso redimensionou a amplitude dessa tecnologia, dando novos contornos às minhas reflexões e transformando a aplicação em implicação. Levei a proposta dos blogs a outros grupos e ao lado de meus senões passa a existir o reconhecimento das possibilidades que pode trazer o uso do blog na educação, como um meio, um espaço de partilha de conhecimento e da constituição de autonomia e autoria, dependendo é claro, do uso que dele possamos fazer. É desde esse movimento, que partilho aqui meu processo e a idéia das possibilidades de um espaço contra hegemônico que podemos constituir através dos blogs.


21 de mar. de 2004

Relendo Barthes.... ou reflexões de um projeto

"Não posso me escrever. Qual é esse eu que se escreveria? À medida que ele fosse entrando na escritura, a escritura o esvaziaria, o tornaria vão: produzir-se-ia uma degradação progressiva, na qual a imagem do outro seria também pouco a pouco arrastada (escrever sobre alguma coisa é destruí-la), um desgosto cuja conclusão só poderia ser: para quê? O que bloqueia a escritura amorosa é a ilusão de expressividade: escritor, ou me acreditando como tal, continuo a me enganar sobre os efeitos da linguagem: não sei que a palavra sofrimento não exprime sofrimento algum e, por conseguinte, empregá-la, não somente não comunica nada, como também irrita logo (sem falar do ridículo).

Seria preciso que alguém me ensinasse que não se pode escrever sem elaborar o luto da sua sinceridade (sempre o mito de Orfeu: não olhar para trás). O que a escritura pede e que todo enamorado não lhe pode dar sem dilaceramento, é para sacrificar um pouco do seu Imaginário, e assegurar assim através da língua a assunção de um pouco de real. Tudo o que eu poderia produzir seria, no máximo, uma escritura do Imaginário; e , para isso, precisaria renunciar ao Imaginário da escritura - me deixar trabalhar pela minha língua, suportar as injustiças (as injúrias) que ela não deixará de infligir à dupla Imagem do enamorado e de seu outro"

7 de mar. de 2004

Ando emimesmada em função do meu projeto de dissertação. Meu tempo se esgota e parece que meu cérebro se esvaziou.

Ultimamente tenho me deparado com a questão do tempo. Do tempo dos tempos! Acabo de encontrar um livreto de poesias que fiz em 1982. Quanto tempo!

O mais curioso, é que revisitando o texto verifiquei que já naquela época me questionava sobre o tempo. Tempo de amar, de chorar, de construir, de ver o tempo passar.

13 de fev. de 2004

Vamos ver se funciona agora o blogar!
Post teste!

30 de jan. de 2004


Continuo irada....

O conhecimento e a ciência não são neutros. E isso não só do ponto de vista onde aquele que produz conhecimento tem uma teoria, com a qual lê o mundo, mas também e principalmente, desde o seu lugar de classe.

É por isso que quando falamos por exemplo, na transparência da universidade, de suas ações, ou quando enquanto professores nos posicionamos dessa ou daquela maneira, o fazemos desde uma posição de classe. E por mais que discursemos, é na verdade a forma como articulamos esse nosso discurso com nossas ações que demarcam nossa coerência, engendrando uma práxis.

No capitalismo temos, no sentido econômico a expropriação do trabalho; no sentido político a anulação da fala e no sentido do cotidiano, a anulação da existência, onde para além da morte no sentido físico ocorre, de forma perversa, a tentativa da morte simbólica.

Isso articula-se bem e o podemos visualizar nas relações que se estabelecem no social, como também na universidade. Temos em função da divisão entre o academicismo e a elaboração de um saber que retorne ao social visando mudanças, um espaço onde, para que exercita o olhar, a escuta, transparece, de uma forma gritante, esse processo.

Como nos mostra Wood, existe luta de classe, mesmo que não haja consciência de classe. Ou seja, seguindo Thompson, Wood reafirma que a luta de classe precede a classe. Na universidade a luta de classe também está presente, embora acabe normalmente, mascarada.

24 de jan. de 2004

As vezes fico me perguntando se toda nossa luta pela escola pública, seja ela de educação básica ou superior, não é na verdade um sonho de poucos.

Observo que todo discurso que circula sobre a importância da participação de todos, diz respeito a alguns todos

Por que? Continuamos então a legitimar que alguns são mais todos que os outros, que alguns por obra do Divino têm mais direitos, mais voz, mais condições, mais não sei o que. Continuamos na verdade, dessa forma, a manter uma universidade elitista e pouco transparente.

Tô irada hoje.
Tecendo sentidos:J
- Por que aceitar ser campo de pesquisa em uma área onde apresento resistência?
- Resistência verbalizada.
- Aprendizagem instrumental.
- Rotinizando os procedimentos.
- Aplicar a técnica
- Resistência reflexiva.
- A real dimensão do "público" .
- Metamorfose
- Arrumando a casa.
- Implicar-se: possibilidade de autoria?
- Levantando questões
- Um sub projeto: Clássicos Brasileiros
- Postagem coletiva
- Introduzindo os comentários
- Adivinha quem está falando sobre tecnologia?
- Gramsci tinha razão: os círculos de cultura.

18 de jan. de 2004

De passagem:

A correria anda grande. Passei em casa rapidamente e vi o reclame da Su sobre a vagarosidade neste espaço.
Entre uma turma e outra de alunos, emerge novamente a articulação de Habermas na gestão escolar democrática, dessa vez aportando também Freire tendo como fio a teoria dialética. Estou curiosa para ver como isso será construido.

4 de jan. de 2004

Domingo de sol. Porto Alegre, que estava deserta em função das festas, começa lentamente a tomar novamente ares de cidade grande.

Eu aqui me dividindo entre o trabalho a apresentar na terça - sociedade civil e política de identidades - e atender Jana e Gabi que estão agitadas após assistirem um filme, que segundo elas "joga adrenalina até no pé" (!!!!!!!) . Ao mesmo tempo, elas querem minha atenção e suporte para confeccionar as bijuterias com o aparato que ganharam da vó, que passou conosco o ano novo. A vinda de minha mãe nesta passagem de ano, foi uma grande alegria, mas também senti uma tristeza infinita, pois provavelmente foi o último, e eu não posso fazer nada pra deter isso.

Quando penso nisso, lemro de uma frase que ouvi não sei onde, que diz o seguinte: "as meninas boazinhas vão para o céu e as mazinhas, vão à luta". Talvez o que eu possa fazer prá minha mãe, mesmo não sendo a filha ideal, é continuar indo à luta.
L
Testando a nova versão do Bloggar.J

1 de jan. de 2004

A quem souber:

Preciso localizar a referência completa do escrito de Eduardo Galeano, do qual tenho um fragmento e algumas informações. Se alguém puder me ajudar, agradeço.

" Quien escribe teje. Texto proviene del latín textum, que significa tejido. Con hilos de palabras vamos diciendo, com hilos de tiempo vamos viviendo. Los textos son, como nosotros, tejidos que andan... " (GALEANO, Eduardo. Tejídos, 2000).