30 de jan. de 2004


Continuo irada....

O conhecimento e a ciência não são neutros. E isso não só do ponto de vista onde aquele que produz conhecimento tem uma teoria, com a qual lê o mundo, mas também e principalmente, desde o seu lugar de classe.

É por isso que quando falamos por exemplo, na transparência da universidade, de suas ações, ou quando enquanto professores nos posicionamos dessa ou daquela maneira, o fazemos desde uma posição de classe. E por mais que discursemos, é na verdade a forma como articulamos esse nosso discurso com nossas ações que demarcam nossa coerência, engendrando uma práxis.

No capitalismo temos, no sentido econômico a expropriação do trabalho; no sentido político a anulação da fala e no sentido do cotidiano, a anulação da existência, onde para além da morte no sentido físico ocorre, de forma perversa, a tentativa da morte simbólica.

Isso articula-se bem e o podemos visualizar nas relações que se estabelecem no social, como também na universidade. Temos em função da divisão entre o academicismo e a elaboração de um saber que retorne ao social visando mudanças, um espaço onde, para que exercita o olhar, a escuta, transparece, de uma forma gritante, esse processo.

Como nos mostra Wood, existe luta de classe, mesmo que não haja consciência de classe. Ou seja, seguindo Thompson, Wood reafirma que a luta de classe precede a classe. Na universidade a luta de classe também está presente, embora acabe normalmente, mascarada.

24 de jan. de 2004

As vezes fico me perguntando se toda nossa luta pela escola pública, seja ela de educação básica ou superior, não é na verdade um sonho de poucos.

Observo que todo discurso que circula sobre a importância da participação de todos, diz respeito a alguns todos

Por que? Continuamos então a legitimar que alguns são mais todos que os outros, que alguns por obra do Divino têm mais direitos, mais voz, mais condições, mais não sei o que. Continuamos na verdade, dessa forma, a manter uma universidade elitista e pouco transparente.

Tô irada hoje.
Tecendo sentidos:J
- Por que aceitar ser campo de pesquisa em uma área onde apresento resistência?
- Resistência verbalizada.
- Aprendizagem instrumental.
- Rotinizando os procedimentos.
- Aplicar a técnica
- Resistência reflexiva.
- A real dimensão do "público" .
- Metamorfose
- Arrumando a casa.
- Implicar-se: possibilidade de autoria?
- Levantando questões
- Um sub projeto: Clássicos Brasileiros
- Postagem coletiva
- Introduzindo os comentários
- Adivinha quem está falando sobre tecnologia?
- Gramsci tinha razão: os círculos de cultura.

18 de jan. de 2004

De passagem:

A correria anda grande. Passei em casa rapidamente e vi o reclame da Su sobre a vagarosidade neste espaço.
Entre uma turma e outra de alunos, emerge novamente a articulação de Habermas na gestão escolar democrática, dessa vez aportando também Freire tendo como fio a teoria dialética. Estou curiosa para ver como isso será construido.

4 de jan. de 2004

Domingo de sol. Porto Alegre, que estava deserta em função das festas, começa lentamente a tomar novamente ares de cidade grande.

Eu aqui me dividindo entre o trabalho a apresentar na terça - sociedade civil e política de identidades - e atender Jana e Gabi que estão agitadas após assistirem um filme, que segundo elas "joga adrenalina até no pé" (!!!!!!!) . Ao mesmo tempo, elas querem minha atenção e suporte para confeccionar as bijuterias com o aparato que ganharam da vó, que passou conosco o ano novo. A vinda de minha mãe nesta passagem de ano, foi uma grande alegria, mas também senti uma tristeza infinita, pois provavelmente foi o último, e eu não posso fazer nada pra deter isso.

Quando penso nisso, lemro de uma frase que ouvi não sei onde, que diz o seguinte: "as meninas boazinhas vão para o céu e as mazinhas, vão à luta". Talvez o que eu possa fazer prá minha mãe, mesmo não sendo a filha ideal, é continuar indo à luta.
L
Testando a nova versão do Bloggar.J

1 de jan. de 2004

A quem souber:

Preciso localizar a referência completa do escrito de Eduardo Galeano, do qual tenho um fragmento e algumas informações. Se alguém puder me ajudar, agradeço.

" Quien escribe teje. Texto proviene del latín textum, que significa tejido. Con hilos de palabras vamos diciendo, com hilos de tiempo vamos viviendo. Los textos son, como nosotros, tejidos que andan... " (GALEANO, Eduardo. Tejídos, 2000).